sábado, 2 de maio de 2009

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Antes mundo era pequeno, porque terra era grande... Tão grande foi Cecília que virou santa, já como bairro, é pequeno. Assim como o mundo nada mais é que um pequeno bairro em nosso sistema solar, ou até mesmo uma viela no cosmos. Essa que é padroeira dos músicos acaba por abrigar as mais diferentes pessoas que tocam... a vida... e que têm as mais diferentes histórias, tanto sobre o chão acolhedor e bairrista como do chão que é parte da região central da loucura urbana.


Manuel, Sergio, Marcela, José, Antonio, Fulano e Ciclano... Todo este povo sob seu manto, não deixam de ser “microcosmos”. Alguns nasceram de explosões imensas, outros foram jogados pelo espaço e ainda tem aqueles que como muitas estrelas, brilham, ainda mesmo que já não existam mais ou simplesmente se mudaram, como a Beth.


Há ainda, aqueles casos de estrelas que existem, que brilham intensamente, mas que não vemos ou não queremos ver, assim como Maria e sua filha Gabriela. Para elas, hoje mundo é muito grande Porque Terra é pequena... Tão pequena que lhe sobrou apenas a rua, que lhe dá o sustento e que lhe proveu o abrigo. Este abrigo tão sarcástico com sua escrita... grita! E grita alto para aqueles que conseguem ver ou para aqueles que são alfabetizados, na vida.


Tomara que aqueles que não querem ver, enquanto passam na calçada, agora pela internet, consigam ouvir este grito pelos olhos, afinal esta mensagem no mínimo é... Do tamanho da antena, Parabolicamará.


Mas isto é só parte de muito mais que o lugar tem para oferecer. Antes de prosseguir este passeio (mesmo que só das vistas), a própria Maria que nunca foi ministra de governo nenhum, disse em sua sabedoria “hoje eu to aqui, mas o mundo da muita volta”... Ê volta do mundo, camará, ê, ê, mundo dá volta, camará.


É numa dessas voltas pela “Santa” que podemos achar além de sua morada “sagrada” em frente o metrô a “Casa”. Esta um pouco mais para cima parece um inferno, mas é uma Santa Casa, cujos anjos de branco perambulam pela Veridiana e adjacências exibindo suas vestes alvas e estetoscópios prateados.


Essa casa que tem um desenho anterior à sua construção, agora passa por uma reforma, às vezes até deforma. Essa deformidade lembra uma época de um país, o mesmo país onde fica o bairro da Santa e que uma única rua dividia a maior questão de princípios do mundo (questão que, aliás, quase pos fim nele) Do lado esquerdo ficava a direita do Mackenzie e do lado direito a esquerda da USP. No centro da Dona Maria Antonia, em outubro de 1968, ovos, pedras, paus e bombas cruzavam os lados, sem se preocupar com política e perdidos, sempre achavam alguém no caminho.


Hoje, por essa rua, mal vaga a lembrança desses fatos, afinal alunos da ESP, primeira escola de sociologia e política do Brasil passam a todo vapor rumo às lanchonetes da Veridiana, rua que foi a casa de Mateus da Costa Meira, o atirador do Morumbi Shopping em 1999. Este estudante, hoje preso, deve ter ido muito às casas noturnas da Lílian Gonçalves, filha e proprietária (também) do Bar do Nelson. Boêmio que deve ter passado no Fuad, um bar e um turco que alimenta a região com histórias e comidas. Na parede do Fuad um patrício sorri pendurado na parede, por acaso é o sujeito que construiu o Minhocão, palco de filmes, de assalto e traficantes, de lazer, de prostituição, arte e moradia dos amigos da Maria e da Gabriela... , Ê, ê, mundo dá volta, camará.


Foto: Ricardo Alves

Postagem: Ricardo Alves.